quarta-feira, 26 de novembro de 2008

RECUPERAR A RÁDIO DE CANTANHEDE!

Como podemos facilmente constatar ao sintonizar na frequência 103.0 Mghz num qualquer aparelho de rádio, a Rádio de Cantanhede já não existe. Bem, não o seu nome, pois aí podemos ouvir a Rádio Best Rock FM ou outra, com sede em Lisboa e emitida a partir de Coimbra, onde por vezes o locutor anuncia 103.0 Cantanhede! Depois ouvindo melhor o seu conteúdo confirmamos que já não é mesmo a Rádio de Cantanhede, pois na sua programação não há quase nada sobre o nosso concelho! Trata-se apenas de mais uma rádio de música rock e pop como uma qualquer RFM ou Comercial, ou seja apenas mais uma. Mas então como foi que isto aconteceu?

Segundo consta, há uns anos atrás a Rádio de Cantanhede foi vendida (isto é, o seu sinal 103.0 Mghz) ao grupo Media Capital (dono da Rádio Best Rock FM), porém a produção regional de conteúdos para a rádio teoricamente ficava protegida pela lei ao abrigo da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Segundo a Lei que protege (ou deveria proteger) as Rádios Locais, num processo em que uma Rádio Nacional adquire a uma Rádio Local, os direitos sobre o usufruto da frequência (certos comprimentos de onda que sintonizamos no nosso aparelho de rádio para apanharmos o sinal 103.0 Mghz) implicam que 8 horas diárias de emissão sejam obrigatoriamente criadas e difundidas a partir da região da rádio local com programação criada, proposta e ligada a essa região.

Em termos legislativos, parece fazer todo o sentido, pois desta forma poderia garantir-se o espaço para o aproveitamento da potencialidade e riqueza regional na rádio e nos seus contributos (pois não é só em Lisboa que existe criatividade e qualidade...). A Lei obriga também à divulgação desta oferta através de anúncios na imprensa, que promovam a abertura e recepção de propostas por parte de qualquer cidadão, especialmente os pertencentes à comunidade onde estava sediada a rádio local, cujo sinal foi adquirido. Ora, isto é o que a lei diz...

E o que acontece hoje em dia realmente? Preparem-se! Sucede que, muitas vezes, as rádios nacionais compram o sinal das pequenas rádios locais e ludibriam a questão das 8 horas diárias prevista na lei. Criam uma programação já a partir da sede central da rádio nacional (no “nosso” caso Lisboa) e depois distribuem essas gravações para todas as pequenas rádios (entre as quais a “nossa”) que compraram. Estas gravações são passadas durante as supostas 8 horas de produção de rádio criadas a partir da rádio local! Assim, todos os sinais das pequenas rádios compradas, nestas tais 8 horas diárias, transmitem exactamente a mesma programação, isto é, exactamente as mesmas músicas, exactamente na mesma ordem, exactamente com a mesma publicidade e sinais horários tudo exactamente ao mesmo tempo!

Assim sendo, estas 8 horas acabam por ter uma linha quase exactamente igual à restante programação das restantes 16 horas diárias dessa rádio nacional, nem há diferença nenhuma! Ou seja trata-se apenas de uma rádio nacional, não de várias rádios locais. Estas foram reduzidas ao papel de meros retransmissores de sinal passando 24 horas por dia toda a programação desta rádio nacional! Esta é, infelizmente, a actual situação da “nossa” Rádio de Cantanhede!

Um outro pormenor curioso é o facto de a rádio nacional ter de publicar anúncios na imprensa (porque a lei obriga) a divulgar a abertura a propostas de programas, conteúdos e intérpretes (o que já o fez inclusivamente através deste jornal). Porém, quando surgem interessados as respostas são vagas e evasivas, os adiamentos de entrevista frequentes, fica a sensação de que, no fundo, se está a “engonhar” para não se dizer directamente que não se quer ouvir nem aceitar propostas para ocupar as tais 8 horas de programação local, que já estão ocupadas! E que eles pretendem que assim continuem...

Há que unir as gentes da nossa terra, dar um murro na mesa e dizer que se trata de uma enorme farsa que não podemos aceitar! Pois, o que ouvimos em 103.0 Mghz não é programação feita pela e para a região, mas sim programação criada em Lisboa ou Coimbra, apenas retransmitida em Cantanhede sem ligação efectiva com o nosso concelho! Atenção, não interessa aqui tanto encontrar culpados ou bodes expiatório, mas sim tentar trazer de volta a nossa Rádio de Cantanhede! Por que não constituirmos um movimento de cidadãos amigos de uma real Rádio de Cantanhede e tentarmos meter mãos à obra? Se todos puxarmos para o mesmo lado e surgirem ideias talvez seja possível fazer alguma coisa. Deixo o meu contacto.


vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com

MOVIMENTO DE CIDADÃOS AMIGOS DA RÁDIO DE CANTANHEDE

Como podemos facilmente constatar ao sintonizar na frequência 103.0 Mhz num qualquer aparelho de rádio, a real Rádio de Cantanhede infelizmente já não existe…

A Rádio de Cantanhede tem um passado rico e saudoso. Quem não se lembra dos emotivos relatos de futebol, dos aguardados debates políticos, das enriquecedoras entrevistas às gentes da terra, dos programas de autor, das interessantes presenças das escolas, associações ou clubes em estúdio, da publicidade aos negócios locais ou mesmo dos divertidos discos pedidos com dedicatórias?

Em toda esta oferta, com algum amadorismo e amor à camisola, com coisas a correrem melhor e outras nem tanto, coisas que valeram a pena e outras que nem por isso, o que é certo é que se fez alguma coisa! Acima de tudo, pôde ser feito! As pessoas sabiam que se quisessem podiam fazer ou propor qualquer coisa à rádio. Tinham essa opção, o que não acontece agora, pois estamos (até agora...) de mãos atadas!

O que poderemos fazer? Cantanhede precisa de uma rádio presente que aproveite as potencialidades do nosso concelho, que as promova, divulgue e que reuna contributos de várias gerações para dar a conhecer, consciencializar, instruir, criar, inovar,

Poderia ser um bilhete de identidade regional, uma enorme ponte entre gerações de gente de todas as idades, formações, experiências que poderiam ter um espaço também. Para além da divulgação e explicação “terra a terra” inovações tecnológicas (por exemplo com o Biocant).

Há que ter em atenção que as potencialidades do nosso concelho são uma autêntica mina de ouro cultural e de envolvimento que podem ser aproveitadas numa rádio local. A rádio de tudo isto pode usufruir e estimular, constituindo um motor de envolvimento ao nível do que sentimos na Expofacic! Com a vantagem de que a rádio estaria presente durante todo o ano e não só durante dez dias que dura a feira! E já agora: não é realmente uma pena que a rádio regional oficial da Expofacic não seja de Cantanhede?

Perguntarão alguns se seria um projecto auto-sustentável dados os dificuldades financeiras que esta nossa pequena rádio teve no passado… Porém basta pensarmos na actual situação do nosso concelho ao nível de envolvimento das associações, freguesias, diversidade de empresas, publicidade, organização e promoção de eventos, versatilidade dos percursos escolares, ofertas culturais, preservação de tradições, grupos musicais, desportos praticados, etc para compreendermos que a Rádio de Cantanhede teria muito mais sucesso agora do que teve há 10 ou 15 anos atrás! O concelho simplesmente mudou, cresceu, uniu-se e ainda bem.

E que tal metermos mãos à obra? Este é o momento certo, há que o conquistar, há que recuperar a nossa rádio de Cantanhede! A criação de um movimento de cidadãos amigos da Rádio de Cantanhede seria o primeiro passo para todos puxarmos para o mesmo lado e surgirem ideias. Com muita vontade, talvez seja possível fazer alguma coisa. Deixo o meu contacto para todos os interessados em contribuir, apoiar, pesquisar, propor ou simplesmente estar a par do que poderemos fazer para o conseguir. Vamos lá tentar trazer de volta a nossa Rádio de Cantanhede!

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com