quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A PARTE DIFÍCIL PARA SE SER SINCERO E JUSTO E PARA O SEREM PARA CONNOSCO…

Já aconteceu a qualquer pessoa: ter que comunicar a alguém uma falha, um defeito, um erro ou simplesmente algo de que não gostamos ou que foi mal feito por um amigo, um colega de trabalho ou mesmo um estranho.

Por um lado, surge a situação de quem tem de apontar o erro e contar a quem o fez da sua existência. Existe sempre algum desconforto e receio de ferir sentimentos. Afinal somos pessoas e não robots sem emoções. Acontecem hesitações, mesmo com a melhor das intenções, de provocar ressentimentos, pelo risco de se virarem contra quem sinaliza o erro. Ninguém quer ser apontado como “fiscal”, “bufo” ou “queixinhas”, mesmo no caso de se falar com a pessoa visada em primeira-mão e não soltar a informação pelos corredores dos boatos… Concerteza já qualquer pessoa teve que lidar com este dilema: como dizer aquela pessoa que errou? E se que esta leva a mal?

Ora, talvez seja útil colocarmo-nos no papel da outra pessoa. Quando nos reportam um erro que cometemos, essa verdade é dura, mas está lá. Não lhe podemos fugir eternamente e teremos que a enfrentar mais dia, menos dia, de uma forma ou de outra.... Porém, não gostamos, com razão, que essa descoberta seja publicitada como grande conquista por quem a sinalizou.

Podemos, sem dúvida, preferir que sejamos nós mesmos a dar conta dos nossos erros, de forma a, de imediato, os podermos emendar ou remendar, porém somos humanos e, por mais perspicácia, valor, técnica ou poder de análise que tenha uma pessoa, é humanamente impossível estar preparado para detectar todos os erros.

O que é certo é que, no fundo e no limite, todo o ser humano procura a verdade. Assim sendo, a solução poderá passar por pensar em como gostaríamos que nos comunicassem um erro que fizemos.

E o que pode fazer quem é acusado para aliviar o desconforto da situação? Preparar-se para enfrentar a sinalização de um erro cometido por si. Independentemente do erro, a reacção pode dar-se de várias formas: negar até à exaustão, acusar a outra pessoa de má fé, colocar o foco das culpas para outro lado, reconhecer, gerar soluções, etc. Cabe ao próprio escolher.

Uma equipa de trabalho de sucesso geralmente possui facilidade de diálogo, franqueza e abertura à mudança e à melhoria. Aqui é fundamental que cada elemento que receba a sinalização de um erro cometido por si, consiga ouvir, debater argumentos e reconhecer os pontos em que não tem razão (existem sempre, assim como os inversos). Para além de procurar conselhos sobre sugestões de melhoria e pensar conjuntamente em formas de o erro não se repetir no futuro.

No fundo, é imprescindível garantir que se constrói algo ali, que se ganhou qualquer coisa com aquele debate, que algo depois se passou a fazer de maneira diferente do que se fazia (relativamente ao erro).

Nestas situações é certinho que alguma coisa muda. Assim, o desafio é que mude de forma construtiva e para melhor! Para isso é vital que os líderes, gestores ou moderadores se agarrem construtivamente, com “unhas e dentes“, a factos e a conteúdos fundamentados. Se isso não suceder as pessoas fecham-se, confundem sinalização de erros com acusações e, assim sendo, passam a não querer “acusar” (se não forem acusados), nem admitem ser “acusados” (visto que não acusaram antes).

Quem não arrisca, pode errar menos vezes, porém os erros que cometer serão constante e inevitavelmente sempre os mesmos erros… Se é humanamente impossível nunca cometer um erro, já podemos esperar não cometer sempre os mesmos, sendo sinal de evolução.

Quem arrisca, quem inova, também cometerá erros, mas estes advirão de desafios e da procura permanente de resolução de problemas. Assim se aprendem coisas novas, se evoluem em mais campos e nos tornarmos mais completos e maduros.

Se dois erros não fazem um acerto… também é certo que quem não arrisca, não petisca… e quem não tem medo de errar, muito mais que outros aprenderá!

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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