segunda-feira, 18 de agosto de 2014

“VEMO-NOS LÁ ENTÃO…”



De vez em quando, ao longo das várias fases da vida, conhecem-se pessoas ou grupos que nos marcam, com quem sentimos na base algo especial, genuíno, natural, descontraído, profundo, entretido, como sentem as crianças enquanto brincam.
Com alguns passamos bastante tempo, com outros somente alguns instantes, mas aquele bem-estar e compreensão é percecionado e esse, de facto, parece ser o ingrediente mágico para haver uma ligação. Chamemos-lhe amor que, no fundo, se pode expressar de várias formas.
Quando estamos juntos, sentimo-nos como somos ou, mais do que isso, como nos deixamos naturalmente ser, sem termos a necessidade ou tentação de nos impormos ou publicitarmos.
Aqui não há tanto espaço para as máscaras sociais que a sociedade do estilo de vida de sucesso e para a exposição do ego que lá no fundo sabemos ser um presente envenenado…
Pode, provavelmente mais fácil e frequentemente, acontecer com pessoas que já conhecemos há muitos anos, enfim, as tais amizades de longa data, de infância ou de juventude. Mas também podemos sentir isso com pessoas de quem supostamente pouco sabemos ou até totalmente desconhecidas que nos transmitem essa sensação de paz, de deixar fluir, de (des)concentrar, desfrutar, meditar, contemplar…
Com as tais pessoas especiais com momentos especiais para nós (e há inevitavelmente tantas), partilhamos o desflorar do mundo que nos rodeia, utilizando numa frequência de onda musical os nossos sentidos (visão, audição, tato, paladar e cheiro) e talvez outros intuitivos e espirituais que o ser humano sempre abordou de forma variada e metafórica, referindo-se contudo ao…mesmo. Seja conversando, seja em silêncio, deixamo-nos ir, estar, ser…
Há quem diga que estes tipos de relações interpessoais fortes são apenas possíveis de acontecer e de manter num contato frequente, num local físico, cara a cara, olhos nos olhos, não sendo possível de iniciar e até quiçá de continuar à distância, mesmo com telefones e internet.
Devido à saudade das boas memórias partilhadas, a procura mútua mais ou menos efetiva pelo reencontro é um desafio com que salivamos cheios de ânsia, brilho e esperança. No entanto, nem sempre é fácil de ocorrer, quiçá possível e pode considerar-se até nalguns casos utópica.
Porém, não deixa de fazer sentido, pois ajuda a manter boas recordações dos laços estabelecidos, é uma quase-ilusão que preferimos manter, embora possamos reconhecer a sua pragmática dificuldade com um bom sentido de humor que ajuda a digerir a provável angústia em certos momentos em que estamos mais em baixo.
De facto, na maioria das vezes, é difícil combinar para voltar a estar com alguns amigos que há muito não se vêem. A agenda com local, data e hora não é fácil de encaixar e quando se quer marcar alguma coisa quase sempre nem toda a gente pode.
No entanto, por vezes nem se combina nada e como que por magia a malta acaba por se encontrar toda com uma suposta probabilidade de um num milhão! Às vezes é mesmo possível uma pessoa ir sozinha sem nada marcado e encontrar alguém que de quem gosta e já não vê há bastante tempo.
E há na minha terra (que tem muitas coisas de que gosto e outras de que nem tanto, como qualquer lugar do nosso planeta) um evento em que isto acontece… É a Expofacic em Cantanhede!
Não podemos esquecer que se trata de uma festa de/para massas, com uma enorme variedade de públicos-alvo a satisfazer, com alicerces populares e mesmo popularuchos nalgumas vertentes como o design e a imagem... A aposta em inovação nas áreas de negócio e na exposição do que é antigo têm sido mais-valias históricas. Os condicionamentos espaciais e logísticos têm sido driblados, ano após ano, por criatividade organizativa de enaltecer. Realmente, percebe-se o espanto quando se fala no passado e se ouve dizer: “nessa altura ainda não havia Expofacic”…
Não podemos esquecer que se trata de uma festa de/para massas, com uma enorme variedade de públicos-alvo a satisfazer, com alicerces populares e mesmo popularuchos nalgumas vertentes como o design e a imagem... A aposta em inovação nas áreas de negócio e na exposição do que é antigo têm sido mais-valias históricas. Os condicionamentos espaciais e logísticos têm sido driblados, ano após ano, por uma criatividade organizativa de enaltecer. Realmente, percebe-se o espanto quando se fala no passado e se ouve dizer: “nessa altura ainda não havia Expofacic”…
Quanto aos conteúdos em mostra anualmente no certame, há que valorizar dentro de um variado (embora também restrito) leque de gostos. Naturalmente, se nem tudo o que vem de fora é agradável, também nem tudo o que é criado na nossa zona é necessariamente interessante, mesmo que tenha o rótulo de tradição e/ou de estatuto reconhecido.
Já para quem está em início de carreira e quer apresentar coisas novas, mesmo (ou, por vezes, especialmente) sendo da terra, é complicado abrirem-se algumas portas, nomeadamente no plano musical. De facto, julgo que será importante haver oportunidades para apreciar temas originais e não covers, imitações ou dj´s que apenas repetem os sucessos da moda.
Felizmente, alguns passos já foram e estão a ser dados, julgamos que não para “parecer bem”, mas sim como desafio de seduzir mais um público-alvo (catalogado de irreverente ou festivaleiro), que pode desfrutar de criações artísticas e passar palavra, ao jeito de uma pequena “Serralves”...
Assim se pode sonhar, sabendo que tudo acontece quando se cria o tal vínculo emocional de orgulho e de pertença, de acordo com os valores e referências culturais de cada nova geração. Enfim, quando se conquista a confiança para aparecer por lá, nem que seja sozinho. A verdade é que o segredo tem estado sempre aqui…
O coração desta grande festa reside no facto de ser um ponto de (re)encontro de gerações. É, acima de tudo, por isso acontecer que esta festa foi, é e há-de ser sempre ESPECIAL para todos os que cresceram neste concelho.

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional

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