quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LIDERAR É SÓ MANDAR? OS TRABALHADORES QUE SAEM DA CRISE… - 3ª parte

Há que ter noção de que, hoje em dia, o mundo se encontra numa fase de aparente incentivo à inovação, ao debate de ideias nas empresas e expansão dos seus mercados, com alguma visão global. Esta lógica é (seria?) assente no trabalho em equipa multi-disciplinar, para garantir um maior grau de adaptação das organizações às mudanças do meio exterior, num contexto de globalização.


Assim sendo, com o tal tipo de chefias duplas do antigamente (politicamente correctos “bonzinhos” ou ditadores “à bruta”), que género de trabalhadores irão, mais facilmente sobreviver no mundo do trabalho ou mero associativismo, dominado pela lei da selva da insegurança laboral?


Sem entrar em dicotomias de “bons” e “maus” da fita (pois todos nós, seres humanos, fazemos rigorosamente tudo o que for preciso para sobreviver em caso de efectiva necessidade nossa e dos nossos) facilmente percebemos que este tipo de chefes aprecia, e mais facilmente mantém, trabalhadores que, por convicção ou por necessidade, fazem o papel teatral de submissos, “lambe botas”, “caladinhos” ou especialistas nas “conversas de corredor”, que, aparentemente, fazem “só” tudo o que lhes mandam, que não se atrevem a propor ideias nem a questionar regras, construtivamente, que não pensam duas vezes antes de dar uma “facada nas costas de um colega”, que detestam trabalhar em equipa para não terem concorrência na relação privilegiada que “cozinham” com o seu chefe / protector, que vão a correr contar os segredinhos, queixinhas e denúncias (sem direito defesa ou outra versão) aos superiores, que não têm gosto pelo serviço em que estão inseridos, pois o que conta é a sobrevivência ou ambição salarial a todo e qualquer custo, sem olhar a meios ou pessoas…


Repare-se que toda esta sequência de efeitos previsíveis é produzida desde o início em nome da competitividade entre empresas que nos traria, em princípio, melhores serviços e a um melhor preço… Porém, na realidade, parece que este conceito de competitividade só foi aplicado às pessoas (que são tratadas como milhares de ratos a lutar por um pedacinho de queijo) com o carimbo de Qualidade, dizendo que assim é que a sociedade avança e se moderniza…

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com