No meio de todo este caos de lideranças politicamente correctas “bonzinhas” e ditadores autoritários “à bruta” que existem, em grande medida, no poder no nosso país, ouço algumas pessoas dizerem “à boca cheia” que no tempo do Salazar é que era!
Mas é que era o quê? O que é que era? Expliquem-me…
Era a saúde mínima de caridade para os pobrezinhos, a concentração da grande riqueza nos grandes grupos económicos, as perseguições e torturas da PIDE, a falta de visão do mundo em mudança do ditador relativamente às colónias, a educação apenas para a gente importante e endinheirada, entre outros atrasos de civilização?
Isto é que era?
Ou quando se fala que com o Salazar é que era, quer-se dizer que apenas esse chefe tomava as decisões e que não havia aparentemente (provavelmente os grandes grupos económicos eram ouvidos…) mais discussão? E nesse tempo é que era?...
É verdade que, hoje em dia, infelizmente, muitas coisas não estão assim tão diferentes ou lentamente caminham (de forma mais clara) para como era “antigamente”, pois a camada dirigente do chamado centro acaba por ser uma continuação das prioridades de desenvolvimento do antigo regime, embora com algumas pitadas mais politicamente correctas, provavelmente apenas para não poderem ser acusados de serem… fascistas.
Contudo ouvir as pessoas dizerem, em revolta com a situação actual social e com a classe de chefias que o nosso povo escolheu (nós escolhemos!) para mandar desde os anos 80 até ao presente, que mais valia vir o Salazar… Sobre quem o diz, julgo que podem ficar descansados, pois na cultura do centro do poder laranja e rosa trata-se apenas de mais do mesmo. As diferenças residem somente nas referidas pitadas politicamente correctas…
No geral, nós portugueses deixamo-nos enganar com as conversas politicamente correctas do “senhor doutor bonzinho” e depois, quando nos apercebemos disso mesmo, a nossa reacção é louvar os tempos ditatoriais em que “era assim e mais nada”!
Então e não há outras soluções? Só temos que aceitar todos contentes ser enganados de mansinho ou à bruta? Estaremos condenados eternamente às chefias duplas? Talvez sim…
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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