Na sociedade actual, para
além das dificuldades económicas por que muitas famílias estão e que parece que
infelizmente irão ainda passar no futuro de forma mais intensa, a onda de
despejo de informação nos meios de comunicação social / mediáticos está
literalmente a enlouquecer toda a gente!
Não refiro isto numa
perspectiva de aconselhar um “enterrar da cabeça na areia como as avestruzes”
ou de alienação, dizendo que devíamos fingir que está tudo bem. Não, de facto,
não está tudo bem. Porém há ideias alternativas e os seus portadores merecem, com
certeza, ter mais espaço para as apresentarem na sociedade portuguesa, por
intermédio da comunicação social / media.
Por outro lado, isso não implica por si só que o público as compreenda ou
valorize…
Exemplos destas soluções
há muitos: a reforma democrática popular da Islândia, as mais de 400 propostas
alternativas para o Orçamento de Estado que foram apresentados por movimentos
sociais e alguns partidos de real oposição na Assembleia da República, o pedido
de auditoria à Dívida Pública feito no dia da Greve Geral, entre outros.
De facto,
está a ser permitido ou promovido este desconhecimento. Este fenómeno, se
pretendido por quem tem o poder para puxar os cordelinhos nesse sentido, poderá
constituir-se claramente como um propósito de ”lavagem cerebral à opinião
pública”.
A
verificar-se esta suspeita, a intenção não será de difícil discernimento:
legitimar a tese da necessária exploração e empobrecimento, apregoada pelo
nosso primeiro-ministro (ipsis verbis),
para a “miragem da recuperação mais tarde”.
A táctica
que está a ser usada na população portuguesa passa por obedecer à troika,
aproveitar a troika, lançar rumores, medos, até gerar espaço para a notícia, depois
o facto consumado e no final o carimbo social para o corte, não dando tempo
para parar para pensar, passando por cima da Constituição e das conquistas do
25 de Abril! Estão a pôr
as pessoas umas contra as outras: dividir para reinar…
Chega-se a ponto de se
estar a gerar a disputa entre as pessoas comuns sobre qual dos sectores da
classe baixa e média ainda merece mais cortes, semeando invejas tacanhas.
Guardam-se as grandes fatias do bolo e põe-se, quem não as tem, à luta para
evitar o corte em cada mínima migalha!
Dirão muitos, e com razão,
que há também razões internacionais para a nossa crise económica actual.
Encontramo-nos numa era de capitalismo global sem instituições independentes,
íntegras e com legitimidade para regular os mercados, direitos laborais e
gestão de riqueza.
Vivemos num mundo
globalizado que floresce como selva de aparência cosmopolita, mas que esconde
e/ou ampara certos núcleos de concentração de poder económico responsáveis por lentos
ou imediatos genocídios em massa: um ataque a tudo o que é público, solidário, humano…
Nestas elites, a nação é só uma: o lucro a qualquer custo.
Este modelo de
globalização (não tinha que ser só desta maneira, houve caminhos que foram
escolhidos) foi um presente envenenado que há muito tinha sido previsto e alvo
de alerta com propostas alternativas por muitos políticos e cidadãos comuns.
Não sendo a esmagadora
maioria dos cidadãos do nosso planeta peritos em Economia é fácil para qualquer
um ver o escândalo que constituem os depósitos em contas off-shore (fundos que não são (re)investidos na sociedade através
dos Estados sociais…), exploração de mão de obra barata, especulação bancária,
manipulação de comunicação social para gerar oportunidades de negócio, geração
de monopólios, negócios de droga e armas, etc.
Os grandes grupos
económicos transnacionais são mercenários do seu poder sem nacionalidade única
e estão, cada dia mais claramente (já não precisam de se disfarçar
democraticamente), no controlo dos destinos do nosso planeta com o ascensão de
uma Nova Ordem Mundial.
Esta não era a
globalização que queríamos com certeza. É que este mapa permite que muitos
poderosos acumulem lucros com a manipulação e especulação dos (seus) instáveis
mercados, destruindo a vida de milhões e milhões de pessoas.
Tudo isto
não era inevitável. Há que relembrar que esta crise internacional e nacional
resulta de decisões que foram tomadas no passado e que foram os políticos que
nós (cidadãos de qualquer país, no caso mais premente da União Europeia)
escolhemos que as tomaram… Neste ponto, a culpa é nossa…
A este respeito, basta ver as inúmeras estatísticas que
circulam na Internet sobre os rendimentos de políticos que estiveram no poder
antes, durante e depois das suas passagens por cargos públicos com cargos
dourados em empresas privadas com lucros/dividendos acumulados ou em administrações
de empresas públicas que acumulam prejuízos precisamente por má gestão… A
infeliz verdade é que se tornaram (ou deixaram tornar) em meros “pombos correio”
das decisões tomadas pelos grandes grupos económicos.
Após ser abordado este raciocínio, é geralmente, neste ponto
de uma conversa, comum entre portugueses ver alguém reagir, numa mescla de
resignação e revolta, dizendo que os políticos são todos iguais... A meu ver,
esta postura de “meter tudo no mesmo saco” é profundamente errada, contribuindo
para o não apurar de responsabilidades e real avaliação do bom ou mau trabalho
efectuado por cada um… Sejamos rigorosos: não foram “todos” e sim apenas
“alguns” (e das mesmas cores…) que estiveram no poder nos últimos 30 anos. E há
ideias e propostas muito diferentes, não são todas iguais não.
Vejamos: o que distingue então os políticos? Os conteúdos que
defendem obviamente, pois ser político não é apenas ter boa imagem… Há também
outros de mais difícil distinção quanto ao seu “recheio”, não tanto na “casca”.
Como exemplo, comparemos a figura do teimoso José Sócrates
com o afável Passos Coelho: formas distintas, conteúdos iguais. Ou até mais do
mesmo na segunda versão…
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações /
Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
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