Correndo o inevitável
risco de ser demasiado redutor na tentativa indutiva de estabelecer um padrão, no
que diz respeito a como o ser humano se relaciona com o mundo, parecem haver (pelo
menos...) 2 modos de olhar para as coisas conhecidas e/ou desconhecidas, do
micro ao macro, do concreto ao abstrato, do claramente visível ao resto…
Sublinho
que eu (na verdade, acho que qualquer ser humano), por mais que tente (devido
ao nosso diabinho Ego), não tenho o direito de ajuizar como errada qualquer uma
delas. Porém, como diria uma grande amiga “no meu
pouco entender”, parece-me que cada pessoa tem a sua análise racional /
emocional, do que a rodeia num dado instante, “sintonizada” predominantemente num
de dois tipos que a seguir tentarei apresentar. São dois tipos de “óculos” que
uma pessoa coloca para analisar a realidade.
Com o Tipo 1 (racional), preferimos confirmar ou contestar
factos com os conhecimentos disponíveis em termos de acesso já criados pela
nossa ciência. Com Tipo 2 (emocional), preferimos procurar hipóteses baseadas
em relações, suposições, especulações com provas que se podem confirmar ou não
com a tecnologia disponível no momento (histórico, económico, político, até
religioso se lembrarmos a Inquisição).
Ora, se com as “lentes” do Tipo 1 ganhamos pragmatismo e sensatez,
também poderemos, por vezes, cortar à partida algumas linhas de raciocínio mais
desenvolvido, relacional e criativo. Na linha do Tipo 2, encontramos muitos
génios injustiçados no seu tempo de vida (Galileu, Davinci, mesmo Einstein
porventura ainda), na maioria "silenciados ou ridicularizados" por
pessoas “sintonizadas” no Tipo 1 e também encontramos simples manipuladores ou
verdadeiros charlatões (na maioria também desmascarados por pessoas “sintonizada”
em 1).
Qualquer um dos tipos tem claramente vantagens e
desvantagens, sendo a grande variante a perceção do RISCO ou do que se entender
por mais ou menos arriscado, em função das consequências negativas ou positivas
que poderá trazer. É mais ou menos arriscado controlar ou soltar vivermos bem?
Podemos optar pelo Tipo 1 supostamente mais seguro, mas
podendo cometer injustiças, crendo nós que temos toda a razão, ou podemos ficar
no Tipo 2 supostamente mais incoerente, mas que também dá mais possibilidades
de se fazer a diferença e dar saltos de conhecimento.
Há que sublinhar que falamos de momentos de análise, que
poderão, ou não, constituir algo mais enraizado, padrão e/ou regular. São
momentos, minutos, instantes ao longo da vida de uma pessoa na maneira como
analisamos situações. Optar
consciente ou inconscientemente, num dado momento, por uma análise Tipo1 ou Tipo
2, poderá ser uma questão de vontade, (pre)disposição, somo de critérios
ponderados, simples intuição ou enfim o resultado de um hábitos conscientes ou
inconscientes já adquiridos ao longo da vida de uma pessoa e da evolução de
espécie humana.
Não se trata de "uma pessoa
ser assim e outra assado". Pode haver é mais espaço, tendência ou
probabilidade para optar mais vezes por um caminho ou por outro... Mas e quando se opta
claramente muito mais por um tipo do que pelo outro?
Ao longo dos tempos e de várias culturas, muitos nomes e
descrições têm sido criados para separar as águas nestes dois polos de neurose
/ psicose, dedutivo / indutivo, prático / teórico, juiz / irresponsável,
empreendedor / contemplativo, grave / agudo, dia / noite, etc…
Demasiado Tipo 1,
tornamo-nos chatos, moralistas, cinzentos, juízes, supostos donos da razão
única e óbvia (assumindo ou não a sua inquestionabilidade), cansativos,
arrogantes no sentido de achar os outros maus ou burros. Demasiado Tipo 2,
tornamo-nos divagantes, inconsequentes, pouco práticos, desorganizados,
dificuldade na explicação simples por receio de ser redutor coisa que não
querem, relaxados, preguiçosos com o argumento das várias perspetivas,
arrogantes no sentido de achar os outros fechados e de vistas curtas.
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos
Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em:
www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com
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