sexta-feira, 29 de novembro de 2013

FORMAS DE OLHAR O MUNDO (1ª parte)



Correndo o inevitável risco de ser demasiado redutor na tentativa indutiva de estabelecer um padrão, no que diz respeito a como o ser humano se relaciona com o mundo, parecem haver (pelo menos...) 2 modos de olhar para as coisas conhecidas e/ou desconhecidas, do micro ao macro, do concreto ao abstrato, do claramente visível ao resto…
Sublinho que eu (na verdade, acho que qualquer ser humano), por mais que tente (devido ao nosso diabinho Ego), não tenho o direito de ajuizar como errada qualquer uma delas. Porém, como diria uma grande amiga “no meu pouco entender”, parece-me que cada pessoa tem a sua análise racional / emocional, do que a rodeia num dado instante, “sintonizada” predominantemente num de dois tipos que a seguir tentarei apresentar. São dois tipos de “óculos” que uma pessoa coloca para analisar a realidade.
Com o Tipo 1 (racional), preferimos confirmar ou contestar factos com os conhecimentos disponíveis em termos de acesso já criados pela nossa ciência. Com Tipo 2 (emocional), preferimos procurar hipóteses baseadas em relações, suposições, especulações com provas que se podem confirmar ou não com a tecnologia disponível no momento (histórico, económico, político, até religioso se lembrarmos a Inquisição). 
Ora, se com as “lentes” do Tipo 1 ganhamos pragmatismo e sensatez, também poderemos, por vezes, cortar à partida algumas linhas de raciocínio mais desenvolvido, relacional e criativo. Na linha do Tipo 2, encontramos muitos génios injustiçados no seu tempo de vida (Galileu, Davinci, mesmo Einstein porventura ainda), na maioria "silenciados ou ridicularizados" por pessoas “sintonizadas” no Tipo 1 e também encontramos simples manipuladores ou verdadeiros charlatões (na maioria também desmascarados por pessoas “sintonizada” em 1). 
Qualquer um dos tipos tem claramente vantagens e desvantagens, sendo a grande variante a perceção do RISCO ou do que se entender por mais ou menos arriscado, em função das consequências negativas ou positivas que poderá trazer. É mais ou menos arriscado controlar ou soltar vivermos bem?
Podemos optar pelo Tipo 1 supostamente mais seguro, mas podendo cometer injustiças, crendo nós que temos toda a razão, ou podemos ficar no Tipo 2 supostamente mais incoerente, mas que também dá mais possibilidades de se fazer a diferença e dar saltos de conhecimento. 
Há que sublinhar que falamos de momentos de análise, que poderão, ou não, constituir algo mais enraizado, padrão e/ou regular. São momentos, minutos, instantes ao longo da vida de uma pessoa na maneira como analisamos situações. Optar consciente ou inconscientemente, num dado momento, por uma análise Tipo1 ou Tipo 2, poderá ser uma questão de vontade, (pre)disposição, somo de critérios ponderados, simples intuição ou enfim o resultado de um hábitos conscientes ou inconscientes já adquiridos ao longo da vida de uma pessoa e da evolução de espécie humana.
Não se trata de "uma pessoa ser assim e outra assado". Pode haver é mais espaço, tendência ou probabilidade para optar mais vezes por um caminho ou por outro... Mas e quando se opta claramente muito mais por um tipo do que pelo outro?
Ao longo dos tempos e de várias culturas, muitos nomes e descrições têm sido criados para separar as águas nestes dois polos de neurose / psicose, dedutivo / indutivo, prático / teórico, juiz / irresponsável, empreendedor / contemplativo, grave / agudo, dia / noite, etc…
Demasiado Tipo 1, tornamo-nos chatos, moralistas, cinzentos, juízes, supostos donos da razão única e óbvia (assumindo ou não a sua inquestionabilidade), cansativos, arrogantes no sentido de achar os outros maus ou burros. Demasiado Tipo 2, tornamo-nos divagantes, inconsequentes, pouco práticos, desorganizados, dificuldade na explicação simples por receio de ser redutor coisa que não querem, relaxados, preguiçosos com o argumento das várias perspetivas, arrogantes no sentido de achar os outros fechados e de vistas curtas.

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com

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