Os dois estilos de “mandar”, o suposto bonzinho ou o assumido mandão (serão mesmo afinal assim tão diferentes?), naturalmente afastam ou oprimem quem tem ideias construtivas e profissionalismo/gosto no que faz.
Acabam por atrair sim pessoas bajuladoras, “lambe botas” por medo ou interesse, sem capacidade e/ou coragem para fazer propostas e fazer evoluir a sociedade, no geral, ou a comunidade específica em que está inserido. Muita gente sobrevive e/ou sobe na vida/carreira desta forma que, tal como um eucalipto, tudo seca à sua volta…
Ora, em tempo de crise, o tal duplo tipo de chefes ganha uma renovada legitimidade e confiança (quando, afinal de contas, foi este tipo de pessoas que tomou as decisões que provocaram os buracos estruturais em que estão muitas organizações públicas e privadas no nosso pais e noutros países, porventura, com chefes da mesma estirpe…).
Ouvimos alguns destes patrões dizer, directamente ou sub-repticiamente com “falinhas mansas”, “olhe que se não quer, há mais quem queira…”, “sabe que isto está complicado…”, “tem muita sorte por ter emprego, portanto…”, “se não faz apenas e só o que digo…”, “para pensar estou cá eu, vocês só têm que executar”.
Acresce ainda dizer que esta corrente de chefes (recheada de elementos que afirmam com orgulho o suposto facto de apenas eles saberem o que é preciso para “vencer”) apela, quase que caridosamente, para que haja mais flexibilidade legal nos despedimentos. E para quê? Para em nome da competitividade de sucesso, gerar (ainda mais?…) insegurança e instabilidade no posto de trabalho que se ocupa e, consequentemente, mera serventia não pensante, sem oportunidade de trazer inovação para a organização e sem direito aos seus direitos laborais.
Por mais desculpas técnicas ou pressões dos mercados (quem manipula esta pressão a nível internacional e quem lhes deu poder para isso?) que se arranjem, o resultado e a intenção, com um pouco de bom senso, são fáceis de discernir…
Diz-se oficialmente que é tudo para nosso bem, em nome da competitividade, para pôr as pessoas mais activas, modernas, senão não fazem nada… Escutamos dizer, com ares de verdade universal, que a maioria das pessoas é preguiçosa e, se não for à força, não trabalham, como se de animais. que labutam com o incentivo do chicote. se tratasse…
Assim, com este tipo de pessoas, com a tal visão dupla de como mandar e agora com a “faca e o queijo na mão” por causa da crise, a luta pela sobrevivência no emprego leva e continuará a levar cada vez mais, não a um aumento da produtividade, como muitos apregoam, mas sim a um aumento da manutenção de empregos apenas por um certo tipo de trabalhadores…E que tipo de trabalhadores ou colaboradores é este?...
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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