Mais tarde ou mais cedo, por
iniciativa própria e/ou por imposição de outrem, pelo menos, numa altura da
vida adulta, uma pessoa reflete noutros tipos de atividades ocupacionais (seja
a tempo inteiro, a meio tempo e/ou para os tempos livres) que fogem à nossa
formação atual e/ou original. Fica-se a pensar: “será que podia fazer outra
coisa”?
Muito provavelmente pode
acontecer ou já aconteceu mesmo a cada um de nós. A tensão congela, os
pensamentos começam remoer e uma vozinha angustiada lá de dentro diz-nos: “deixa
lá isso, senão ficas triste com o que a tua vida poderia ter sido”. De facto,
se este movimento se fizer apenas assim tudo se torna somente assustador…
Porém a vida vai-se fazendo
como uma obra de arte em construção permanente. Às vezes, tem maneiras, para
além das desculpas, e outra vozinha mais desenrascada lá de dentro pode dizer-nos:
“e porque não”?
A verdade é que este impasse
pode transformar-se num exercício interessante. Um desafio e uma oportunidade
para nos descobrimos mais a fundo, testarmos um pouco os nossos limites, porventura
explorar novas competências que não pensávamos poder desenvolver. Assim, sente-se
que se tem mesmo que fazer alguma coisa, mas… o quê? E com que ajuda se pode
contar?
Ora, numa reorientação
vocacional deste tipo, pouco depois tudo começa assim: “não sei, mas queria
fazer algo… diferente”. Trata-se de um processo que se inicia desta forma com
uma faísca que leva a um rastilho que gera uma fogueira. A necessidade aguça o
engenho e a vontade facilita a solução… Acima de tudo, nunca é tarde!
Frequentemente, muitos
talentos são assim revelados ou até apenas relembrados, pois há “pequenas” coisas
que gostamos de fazer já desde a infância e que nestas alturas se podem
transformar em projetos concretos de adulto. No fundo, talvez tenham até sido
as nossas vocações mais originais.
Atenção que o mais comum é
termos várias vocações e não apenas uma. Devo alertar até que o fatalismo do
que “a vida poderia ter sido” por não termos seguido a “nossa real vocação”
contribui somente para desistir deste processo e com mágoa redobrada…
O que normalmente acontece é
que uma pessoa adulta se dá conta que, por diversos motivos (financeiros,
saídas profissionais, proximidade de casa ou estatuto socio-profissional, etc),
até aquele momento de vida, outras vocações, que afinal tinha, foram postas de
lado no seu passado nas alturas de fazer escolhas (conscientemente ou não).
Mas
calma, querendo há sempre a tempo, pois provavelmente as coisas só acontecem
quando… têm que acontecer.
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão
de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
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www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com
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