sábado, 10 de novembro de 2007

PLANETA VERDE VERSUS PLANETA VERDE ACINZENTADO:

Muitos poderão dizer que se está a exagerar ou meramente a especular quando se aponta um futuro global catastrófico. Devido às gritantes desigualdades económicas e sociais, bem como ao “barril de pólvora” ecológico (cujas mudanças este ano se começaram a fazer sentir aos olhos de toda a gente), tanto no nosso país como no mundo em geral algo parece estar a acontecer.... Quanto a reacções: uns ficam surpreendidos, outros cepticamente comprometidos.

Arrisco até a dizer que entre alguns destes últimos estarão, porventura, os mesmos (uma pequena elite) que atacavam, desde há muitas décadas, a protecção do Ambiente em nome do progresso (houve até quem exigisse a extinção deste ministério). Estes agora trazem a bandeira verde, apenas porque a cor está na moda (quem não quer ser o Al Gore português?) e com isso poderão garantir mais uns votos ou favores a empresas “amigas” do ambiente dos seus bolsos…

É triste, mas parece que, no fundo, só quando estes mesmos dirigirem os negócios dos produtos ou energias eco-sustentáveis é que provavelmente se abandonará a exploração do petróleo, pois a amizade com o verde, para os mesmos, só vem quando se traz outro amigo também: o lucro e lucro é poder.

Enfim, se é nossa “sina” da suposta livre concorrência (dado os cidadãos não conseguirem mobilizar-se e exigir) que sejam os mesmos a lucrar, pelo menos que estes lucrem com produtos ou energias que não levem à exploração de mão-de-obra barata (porventura a maior batalha perdida a nível mundial) e, acima de tudo, que não danifiquem o planeta (embora alguns produtos ou energias, supostamente verdes por não poluírem, tenham lados negros, como por exemplo a ultra-exploração dos solos, esgotamento do sais minerais, destruição de ecossistemas, clima, etc).

Mas será esta guerra possível de vencer?... Talvez não, quando temos no papel de árbitro, não movimentos de cidadãos ou organizações internacionais de protecção ambiental, mas sim organismos como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial ou o G-7 a ditar as regras para os mesmos amigos… Acresce-se que acaba por nos causar justificada angústia sabermos que foram precisamente estes mesmos os responsáveis pela possível morte lenta que terá a nossa casa: o Planeta Terra.

No entanto, enche-nos de esperança verificar que os cidadãos em geral estão a ganhar uma cada vez mais uma forte consciência ecológica, que se bem dirigida poderá (ou poderia) levar a uma poupança monetária nos bolsos dos consumidores, numa lógica de que o produtor ou energia verde é melhor (para o ambiente), mas também mais barata (para o consumidor).

Este caminho é possível, mas exige uma mobilização e exigência aos cidadãos de outro nível, que não só o da separação do lixo (em que os portugueses se estão a tornar um exemplo a elogiar), nem o da observação e preferência pelos rótulos verdes num qualquer supermercado quando se anda às comprar...

É preciso mais e melhor em termos globais, porque só assim conseguimos arrumar a nossa casa Planeta Terra (não podemos limpar apenas a sala ou um quarto…). E para isso há que chegar a quem pode influenciar a nível nacional e internacional: precisamente os mesmos!

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com

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