quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A ESTATÍSTICA NÃO ENGANA (parte 2)

Relativamente às frequentes reviravoltas nas posições defendidas pelos partidos antes e depois de estarem no governo, que comentários costumam surgir entre os cidadãos? Circunstâncias diferentes e compreensíveis dirão uns, incoerência dirão outros, fingimento de oposição em que as propostas dos dois partidos serão, feitas bem as contas, “farinha do mesmo saco” dirão outros ainda…

Não admira que as pessoas durante os mandatos digam que as coisas andam mal, que não gostam do governo, mas que não vêem alternativas e depois quando chega o circo das campanhas eleitorais: tudo esquecem.

De um certo ponto de vista, é até compreensível que memória se torne curta nos distraídos cidadãos quando são ofuscados com tanta diversão de marketing político contratado ao estrangeiro ou a artistas nacionais pagos a peso de ouro… Os profissionais da “névoa” na cidadania conseguem, mostrando um rebuçado, levar uma criança a cair do berço.

No meio de tudo isto, distinguir com critérios claros, fazer escolhas ponderadas e tomar decisões com base nas posições claras de cada oferta partidária transforma-se numa tarefa facilmente gozada ou catalogada de teimosa até o cidadão ceder e se deixar ir na corrente, qual “Maria vai com as outras”.

Até quando surgem escândalos que parecem revelar os podres de quem costuma deter o trono, as coisas já parecem banais, normais, habituais… No fundo, os cidadãos são levados a pensar que se tratam apenas de jogadas (umas mais, outras menos bem disfarçadas) que visam apenas e só proteger interesses financeiros de gente bem colocada juntos dos dois partidos do centro.

A maioria dos cidadãos já parece “educada” neste circo dos “chicos espertos” de pequena ou grande escala, conforme a sua manha para disfarçar ou o seu descaramento para exibir. Nesta efectiva realidade, onde ficam as palavras bonitas: cidadania, liberdade, respeito?

Assim sendo, poderemos chamar a este sistema: democracia? Neste ponto de vista, não será legítimo concluir que, ao longo destas últimas décadas, um só partido tem estado no poder? Pois as directivas e interesses que defendem os dois que se têm revezado parecem ter sido sempre as mesmas…

Não será possível chegar à conclusão de que, no fundo, quase sempre desde o 25 de Abril a democracia tem sido uma ilusão?

Não terão os cidadãos, pensando terem, ao longo de várias eleições, feito mudanças nos vários governos, terem afinal mantido no poder exactamente a mesma camada dirigente tal como acontecia nos tempos do antigamente?

Muita gente diz que se outros para lá fossem tudo seria igual, pois todos querem “poleiro”. Ora, por mais louco que pareça, quem o diz acaba por fazer com que exactamente os mesmos que têm estado no poder por lá vão ficando!

Assim, não seria a mesma coisa se nos dessem boletins de voto apenas com uma opção para por a cruzinha, pois acabamos por manter exactamente a mesma gente no poder?

Afinal, que diferenças teremos de regimes de partido único que existem noutros países no mundo e que criticamos ao ponto de apoiar invasões, bloqueios ou cortes de relações em nome de uma democracia? Democracia como a nossa? Não serão apenas os nossos espelhos com menos marketing e cordiais falinhas mansas?

Mas calma…

Não deveremos precipitarmo-nos a fazer futurologia e a tirar conclusões, mesmo se o passado parecer apontar para aí… Bem, mas vamos esperar pela estatística das alianças nas votações das propostas sobre as várias áreas estratégicas para o país ao longo desse mandato legislativo e depois, aí sim, tirar conclusões pela nossa própria cabeça.

Vejamos então se a maioria as propostas do agrado dos socialistas será aprovada com o aval do PSD, mesmo do CDS ou se, pelo contrário, este partido de esquerda moderada irá apresentar e/ou deixar passar propostas da concordância dos partidos à sua esquerda.

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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