quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

OS CANTANHEDES DA CIDADE (parte 2)

Relativamente à infância de toda esta geração dos anos 80 e 90, um factor interessante ocorreu: as saudosas férias desportivas que a Sociedade Columbófila Cantanhedense organizava! Que ninguém tenha dúvidas: esta iniciativa estruturante foi um pilar importantíssimo na formação de toda esta gente (na qual me incluo) que influenciou todos os contributos que esta geração teve (ou poderia ter tido), tem e terá na nossa sociedade!

Aliando educação, desporto, cultura, saúde ao convívio e boa disposição dos monitores, promovia-se uma aprendizagem fácil de valores de trabalho em equipa, espírito de camaradagem e gosto pela cultura geral nas suas várias vertentes e não apenas nas mais popularuchas.

É natural que os miúdos dessa época passem pela velha sede e se lembrem do papel fantástico que tiveram dirigentes e monitores tais como: Alberto Abrantes, Casas de Melo, Lurdes Silva, Dora Manso, Francisco Cristovão, João Barreto, Tó Vagos, Celsino, Carmo, Pedro Cardoso, Ferreirinha, irmãos Nogueira, Paulo “francês”, Clara Neves, Ferreirinha, entre muitos outros igualmente importantes.

Assim, foi a nossa infância na cidade de Cantanhede, mas depois, na passagem para a adolescência, uma brecha surgiu e não continuou esta fabulosa base que nos unia e misturava independentemente das nossas origens, gostos, descendências, moradas, turmas, etc.

O que faltou? Talvez causas mobilizadoras comuns ou uma cultura de participação em qualquer que fosse o evento desde que fosse levado a cabo por uma entidade de referência para todos nós. É certo que muitos andavam no futebol, na natação, entre outras modalidades desportivas ou passatempos, mas o que também é certo é que nada nos unia, não havia nada de transversal, coisa que já não sucedia nem sucede na maioria das restantes freguesias do concelho: quase todas têm uma associação à volta da qual toda a gente das várias gerações se une e participa nas várias actividades, mesmo naquelas de que nem toda a gente gosta!

Ora, em Cantanhede, resquícios de um bairrismo positivo, “à antiga”, no que respeita a existir um forte apoio dentro da sua comunidade e alguma riqueza cultural podia ser encontrado no “Bairro” de São João, mas que foi perdendo este fulgor devido à perda do seu adversário histórico que era o “bairro” localizado mais ao centro da cidade.

A meu ver, faltou isto mesmo à geração de Cantanhede dos anos 80 e 90… Julgo, no entanto, que quem passou a adolescência por estas bandas nos anos 80 foi ainda mais fustigado, pois se virmos bem: quase não ficou cá ninguém dessa geração, quase todos foram embora!

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com

Sem comentários: