segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

OS CANTANHEDES DA CIDADE (parte 3)

Devido ao rótulo elitista colocado (ou existente realmente) na geração jovem de Cantanhede dos anos 80 e 90 (ou pelo menos numa parte dela), algumas razões históricas concretas e muitas outras justificações baseadas no “diz que disse” serviram para solidificar de geração para geração este desconfiado “olhar de lado” para os meninos e/ou senhores da cidade.
Segundo estes pressupostos, as restantes freguesias do concelho não tinham na altura ou, porventura, nunca tiveram no passado grandes afinidades e motivos de simpatia para com Cantanhede, indo um pouco mais longe: para com os tais de quem se dizia “comerem da gaveta”.

Neste particular, algum humor é também necessário, no sentido em que, muitas vezes, perguntava-se a alguém de outra freguesia que dizia não gostar dos “Cantanhedes” o motivo de tal posição e as respostas sempre foram variadas: silêncio, episódios passados de pancadaria, atitudes, bocas ou troca de galhardetes mal resolvidos, encolher de ombros, “não sei, mas não gosto” ou evocação de motivos históricos do tipo “foi por causa disto” sem confirmação de factores anteriores ou paralelos…

Ao longo dos últimos anos, estas barreiras de preconceito, desconfiança e bairrismo invejoso entre “os de Cantanhede e os de fora” foram desaparecendo lentamente em grande parte devido, na minha opinião, a um evento que podemos dizer já marcar a história do nosso concelho: a Expofacic!

Repare-se que, no início desta festa, as pessoas de cada freguesia apenas iam às tasquinhas e stands das suas freguesias, mas ao longo dos anos as coisas foram felizmente mudando… A mistura de gentes começou, laços entre vizinhos (que mudavam de um ano para o outro para não criar zonas rígidas) foram sendo criados, amizades surgiram, trocas de jogadores da bola entre as equipas das terras foram sendo feitas, inclusivamente com… Cantanhede! Entre muitos outros pequenos, mas importantes exemplos.

A Expofacic teve o condão de criar um sentimento de orgulho dos munícipes pelo concelho de Cantanhede, por fazer-nos deixar de ter vergonha de dizer que somos do concelho de Cantanhede. Ora, consequentemente, foi diminuindo também o preconceito (com ou sem razões efectivas e mesmo justificadas) pelos “Cantanhedes” da cidade.

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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