A meu ver, a chave da mudança das novas gerações está nas gerações adulta e idosa actuais, com os seus exemplos positivos ou negativos dados… Daí que apostar na formação dos adultos e idosos actuais não é desperdiçar recursos. Há que mudar desde já o presente e investir realmente nas mudanças do futuro a consolidar pelas novas gerações.
A “bola” do início de alterações não deve ser passada, assim, para os mais novos, como quem diz vá “faz lá tu sozinho, se conseguires…” Geralmente, isto acaba por levar a que tudo fique na mesma e a geração mais velha possa dizer “eu não disse que era complicado…”.
Nesta perspectiva, o insucesso dos mais novos assim “deixados à deriva” é previsível, quando a colaboração e apoio de quem tem mais experiência é semelhante a quem dá uma receita de culinária, omitindo as quantidades, e diz que está ansioso por provar os novos cozinhados…
Ora, sejamos positivos: há, sem sombra de dúvida, muitos casos de bons exemplos. Aqui fica um pequeno exemplo a que eu já tive o prazer de assistir: “se a minha avó e o meu pai fazem reciclagem, eu que sou novo também quero fazer e vou dizer aos meus amigos para também fazerem!”. Só mexendo no presente se pode mudar o futuro! Não se pode continuar a fazer uma coisa agora, dizendo que mais tarde é que vai ser diferente…
Assim, quanto mais se negligenciar e desaproveitar o potencial de inovação e adaptação / incentivo a mudanças sociais e de cidadania que os mais velhos possuem, mais se estará a gerar nestes um alheamento ou um amargo olhar de vingança que se revela no dar maus exemplos de passagem de atitudes destrutivas e mesquinhas…
A solução estará nas lideranças que apostam no potencial de inovação com experiência, por parte dos mais velhos, ouvindo-os para as mudanças (o que é completamente diferente de ficarem refém de “velhos do Restelo” anti-mudança socialmente responsável e consensual após discussão…).
É preciso que os líderes de qualquer organização apostem nas características positivas dos mais velhos e, assim, darão bons exemplos para os mais novos. Atenção: não estou a fazer a apologia da máxima de “defender os mais velhos só por defender” ou só porque fica bem! É preciso saber concretamente porquê e, com precisão, o quê. É necessário defender concretamente os pontos positivos que eles têm e que serão sempre necessários aos mais novos no seu presente e no seu futuro enquanto adultos!
Reparem que não estamos aqui a falar de “bons” e “maus” da fita, mas sim de características positivas ou negativas que qualquer adulto pode ter e explorar mais ou menos, sendo que, no final, se tiver algum papel importante na sociedade, será sempre um exemplo… esse sim: bom ou mau!
Atrevo-me a dizer que há muita gente mais nova de idade, mas já com mentalidade bem mais velha do que pessoas com cartão do cidadão mais antigo!
Resumindo: não basta esperar pela geração mais nova, é preciso dar-lhe exemplos de agora, de adultos de hoje que possam seguir pela positiva. No entanto, com esta linha de raciocínio, surgem outras questões…
Que exemplos temos hoje de como ser bem sucedido na sociedade? Aliás o que é hoje ser bem sucedido na sociedade e o que é preciso fazer para lá chegar? Se não houver bons exemplos para esclarecer isto aos mais jovens, a nova geração será uma surpresa de facto…
Posso até apontar um exemplo: basta vermos como o pessoal das juventudes partidárias (pelo menos dos grandes partidos) imita os tiques arrogantes, os discursos vazios e as futilidades da vida dos cabeças de cartaz que, assim, lhes dão apenas este tipo de exemplos…
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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