Há alguns meses atrás,
devido a condições meteorológicas anormais que assolaram especialmente a Região
Centro do nosso país, muitas áreas e populações ficaram sem luz, água,
televisão, rádio, telefone fixo, telemóveis e internet durante alguns dias,
nalguns casos semanas.
A precariedade da manutenção
das estruturais técnicas e logísticas da nossa sociedade e/ou o poder da mãe
natureza fizeram toda a gente sentir e pensar na fragilidade das condições de
vida que usufruímos.
Por um lado, fez-nos pensar
nas injustiças sociais em termos de acesso a recursos essenciais que permitam
uma qualidade de vida da população e dos grupos económicos que com a “muleta”
de políticos interessadamente obedientes reservam apenas para uma elite o que
devia ser de todos.
Por outro lado, também nos
permitiu dar o exemplo de como nos podemos aproximar mais uns dos outros como
seres humanos. Não no sentido de intromissão ou invasão de privacidade, mas sim
na perspetiva de que temos necessidades, anseios, pontos em comum, levando-nos
a questionar o que será realmente mais importante nossa vida, o que nos fez/faz/fará
felizes.
Seguindo esta lógica de
análise, dois caminhos acabam por ser apontados a uma pessoa: lutar pelo que
pensa que é justo socialmente para a comunidade/sociedade e/ou desfrutar tranquilo
daquilo que na sua essência é e do que o rodeia.
Ora, tendo em conta a
diferença, aparentemente grande, das emoções despoletadas nos momentos de luta social
e nos momentos de desfrute pessoal, poderemos colocar a seguinte questão ou
desafio: estas duas perspetivas distintas serão inconciliáveis? Serão água e
azeite que não se pode/consegue misturar?
Teremos inevitavelmente que
escolher um caminho ou outro se quisermos chegar a algum lado na vida? Será que
quem luta por justiça se torna mais tarde chato, teimoso, intolerante, pouco
aberto a novos caminhos, impossível de aturar e de acalmar? Será que quem
desfruta tranquilamente se torna passivo, nada objetivo, alienado, desleixado,
irresponsável, “deixa andar”, egoísta? Será possível participar em revoluções e
também gostar de estar relaxado no sofá? Será isto demagógico ou coerente?
Apostar na luta pelos
direitos civis (quiçá inútil…) ou numa felicidade individual (quiçá isolada…)? Este
dilema remete um pouco para os estudos sobre os conceitos de Qualidade de Vida
e de Felicidade. Sim, parecem ser coisas diferentes…
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos
Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
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