segunda-feira, 17 de junho de 2013

1. UMA PAUSA NO TEMPORAL (uma perspetiva)



Há alguns meses atrás, devido a condições meteorológicas anormais que assolaram especialmente a Região Centro do nosso país, muitas áreas e populações ficaram sem luz, água, televisão, rádio, telefone fixo, telemóveis e internet durante alguns dias, nalguns casos semanas.
A precariedade da manutenção das estruturais técnicas e logísticas da nossa sociedade e/ou o poder da mãe natureza fizeram toda a gente sentir e pensar na fragilidade das condições de vida que usufruímos.
Fez-nos pensar quanto são, hoje em dia, essenciais estes recursos para uma qualidade de vida com dignidade e liberdade, aos quais terei efetivamente que juntar o acesso à saúde, à educação, à cultura.
Levou-nos a refletir também acerca da distância cada vez menor entre o não ter estas condições (momentaneamente como sucedeu com o temporal) e apenas as poder ter quando/se/quem as puder pagar…
Receio que para muitos de nós a perspetiva esteja a poucos passos de se tornar permanente, quer por motivos da vida de cada um, quer pelas regras de exclusão que estão a ser impostas pelas elites do poder mais ou menos sorrateiramente, mas de forma intencional, alegando o alibi da crise, à nossa comunidade.
Dirão alguns de forma ignorante e/ou demagógica “claro, queriam tudo à borla, não faltava mais nada”, esquecendo quem o faz que não falamos de luxos, nem de algo a que não deva ter direito quem paga os seus impostos!... Sejamos francos, os custos destas condições, oportunidades e recursos básicos têm subido a um ritmo cada vez mais veloz e parece, cada vez mais, estar próxima a hora em que apenas um pequeno grupo de privilegiados poderá aceder a estes “luxos”!…
Assim sendo, podemos ou até devemos questionar sobre se isto faz sentido e sobre quem decide o que é luxo e o que é do direito de todos, decorrente dos impostos que pagamos?
Facilmente concluímos que humanamente não é, de facto, lógico e que quem decide são os grandes grupos económicos privados nacionais e multinacionais sem qualquer tipo de moderação. Quanto aos políticos que têm estado no poder (através das nossas escolhas em eleições…) infelizmente não passam de meros porta-vozes ou seguidores de corrente que nas decisões efetivamente importantes fazem o que diretamente ou indiretamente lhes mandam…
E que objetivos têm estes grandes “monstros” económicos fora de controlo? Manipulação efetiva de mercados e retirada do controlo público dos recursos fundamentais de cada país. Num tom metafórico, ver a subida dos números dos seus lucros nos seus quadros de computador sem olhar o que se passa fora das janelas dos seus escritórios…
Não é a primeira vez na História do nosso planeta que assistimos a movimentos de manipulação política, militar e económica desta magnitude. Foram seguidos de reações corajosas e numas vezes recuperou-se algo, noutras vezes quase tudo, outras ainda deram em… Entre muitos fatores, um dos que mais fez variar o grau de sucesso nestas lutas foi a irreverência/criatividade das ações e a organização da população.
E agora?…

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com



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