Portugal, em particular, e o mundo, no geral, estão a atravessar uma época de crise que vai muito além da escassez de bens materiais ou recursos financeiros. Chega, aliás, a um nível que estava, desde há uns bons anos, adormecido no debate entre os cidadãos: o dos valores de base. Volta a falar-se finalmente dos alicerces em que fundamos a nossa democracia.
Afinal, o que é mais importante proteger numa sociedade? O que é vital para existir uma qualidade de vida global? Quais as prioridades para se ter um desenvolvimento sustentável e equilibrado? Que oportunidades e obrigações deve ter qualquer cidadão para desenvolver o seu projecto de vida?
É altura de mudanças, toda a gente o sente. Porém, pergunta-se: de que modo, por que vias, com que procedimentos, com que tipo de pessoas e com que cultura? “Como é que eu posso fazer alguma coisa?”
Pelo menos um resultado imediato é facilmente percepcionado: há mais reflexões, mais questões, mais vontade de contribuir e de fazer algo para melhorar a “nossa” vida. Mais garra para “dar a volta a isto”.
É hora do diálogo ser levado a sério, porque assim não se perde tempo, muito pelo contrário, evitam-se futuros atrasos que, no fundo, já eram previstos… Mais gente quer ouvir, expor e enriquecer ideias e projectos concretos e abrangentes e não apenas que se desenvolvam algumas “capelas” dentro da mesma sociedade.
Mais gente quer pensar no global! Mais gente quer lutar contra a presunção de que apenas alguns podem usar da palavra e que os outros são demasiado ignorantes ou ingénuos para o fazer.
As pessoas, mais que nunca, querem fazer parte de algo, pôr mãos à obra em equipa (pois dão-se conta nestes momentos que sozinhos não vão lá). Na minha opinião, é precisamente este “toque” que determina se uma decisão irá ter, no futuro, bons ou maus resultados, em termos de envolvimento social.
Agora, há que aproveitar! E para quê? Para fazer coisas pequenas, porque senão a malta não compreende? Não, nem pensar! Um projecto por mais complexo que seja pode ser sempre explicado de forma simples e sincera, quem disser o contrário não quer explicar nada! Sim, mas então aproveitar para quê? Não para projectos financeiramente faraónicos…
Aproveitar para, a partir das análises profundas sobre as várias matérias já efectuadas e metidas na gaveta (num hábito mesquinho que nos tem custado milhões ao longo da História), tomar decisões estruturais (e não superficiais ou remendadas…) de forma participada e com critérios claros e respeitados.
Sem dúvida, algo vai mudar, espera-se que mude (para) bem e que as pessoas façam parte das mudanças estruturais e não levem apenas com elas…
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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