terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TALENTUM


Talento pode ser descrito como aptidão natural ou, em parte, adquirida, engenho, disposição, habilidade, no fundo ter jeito para qualquer coisa específica. Este pode ser mais ou menos (pessoalmente e/ou socialmente) valorizado, consoante o tipo de produtos e/ou valores que produza e que façam sentido para a pessoa e/ou para a sociedade em que está inserido.

Na valorização funcional de um talento, muitas vezes, as avaliações pessoais e as avaliações sociais são semelhantes. Mas e quando não são? E quando uma pessoa sabe ou descobre que tem bastante talento para uma área específica, que a todos os que a rodeiam parece uma fantástica carreira a seguir e, mesmo assim, esta prefere não a usar?

Lembro o caso da estrela do basquetebol Michael Jordan que abandonou a prática desta modalidade, dizendo já não sentir prazer e motivação no jogo e enveredou por uma carreira muito menos brilhante no basebol, algo que gerou a estupefação dos media, no geral.

Porém, se o desenvolver e rentabilizar de um talento implicar fatores como, por exemplo, viagens constantes, invasão de privacidade, horários prolongados, trabalho solitário ou outro constrangimento qualquer e se a pessoa não obtiver prazer na atividade (motivação intrínseca) e/ou achar que ter que lidar com esses fatores não é um prazer e/ou que não vai compensar nos benefícios posteriores (ex: dinheiro, férias, acessos privilegiados, entre outros) que irá obter (motivação extrínseca) talvez a decisão de abdicar possa agora parecer, de facto, mais compreensível.

Torna-se claro que há que ter em conta os valores pessoais que cada um tem também para a sua vida. Ora, adotando esta perspetiva, qual é afinal o mal de não se fazer aquilo em que se é “craque”?

A dificuldade social / humana que temos em comunidade na abordagem, de forma aberta e natural, aos talentos terá eventualmente a ver com a sua quase imediata associação a um produto que pensamos ser único: o dinheiro.

Na verdade, só dissociando talento e dinheiro não teremos o reflexo de catalogar como “burrice” o abdicar de uma carreira de milhões. No entanto, curiosamente, a palavra talento vem do latim talentum que era o nome dado a uma moeda da Antiga Grécia e outros povos orientais.

Ou seja, esta associação errónea já vem de longe…

 

vascoespinhalotero@hotmail.com

(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional

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