Se procurarmos explorar os nossos vários talentos, também poderemos possivelmente funcionar melhor. Tal como sucede na agricultura quando se varia a exploração dos minerais, de forma a que estes não se esgotem, podendo, por vezes, uma pausa ou poisio também ser uma solução adequada.
No entanto, costuma dizer-se que “quem muitos burros toca, algum deixa para trás”. Porém, não conterá este provérbio, em parte, um limite ao desenvolvimento de cada indivíduo e da sociedade em que está inserido?
Não comportará esta crença generalizada um constrangimento ao potencial que advém do cruzamento de processos e produtos entre campos diversos? Não se estará a negligenciar a efetiva possibilidade de partilha de conteúdos entre diferentes áreas?
Quem pode com certeza dizer que é impossível um método, aplicado numa área, poder ser adaptado a uma área distinta e constituir uma solução para problemas aparentemente impossíveis de ultrapassar?
Fará sentido abdicar à partida do lucro mútuo para o progresso de campos aparentemente distintos, com soluções que sobram num lado e faltam noutro? Não se estará a pôr de lado os benefícios decorrentes da transversalidade do conhecimento e das culturas (sejam científicos, sejam da vida quotidiana)?
Como exemplo de contraponto, recordo-me de um famoso jogador de futebol que disse que fazer puzzles e praticar xadrez (tinha sido inclusivamente campeão no seu país quando mais jovem) o ajudavam a jogar melhor à bola.
Há que então referir que a suposta mediocridade associada, na vida quotidiana, à variedade, à polivalência mediana e ao experimentalismo é, no geral, talvez um pouco subvalorizada ou incompreendida.
Senão vejamos que, por exemplo, Albert Einstein tinha negativa a Matemática (ou melhor dizendo: naquela visão da Matemática…) na escola e pela mera lógica do “ser top” nunca teria sido um génio da física e apresentado visões que a normalidade não atinge.
Poderemos pensar que este caso se trata de uma exceção e não de uma regra, mas teremos também de ter em conta que a criatividade e a inovação provêm do erro e do mal feito que, porventura, pode levar a evoluções ou revoluções interessantes, enfim, à ciência.
vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo das Organizações / Gestão de Recursos Humanos / Desporto / Orientação Vocacional
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