sexta-feira, 11 de junho de 2010

FORMA VERSUS CONTEÚDO: AS MENTALIDADES… (2ª parte)

Por que é que quando um projecto ou uma matéria tem que ser discutida, quem o quer fazer (porventura baralhando o esquema já delineado por quem tem o poder) tem tantas dificuldades em encontrar uma via para o fazer?

E quando consegue furar e dar a sua opinião técnica ou como mero cidadão ou associação é de imediato apelidado depreciativamente de atrevido com se fosse um membro do povo que invadisse alguma corte monárquica?

Depois é óbvio que a qualidade do debate não é a melhor, a análise das matérias não é enriquecida com opiniões divergentes e as coisas são aprovadas por quem as vê sempre para o mesmo lado. Mais tarde, os cidadãos que têm que levar com essas decisões erradas, mal fundamentadas e aberrantes, no que à aplicação no terreno diz respeito, com efeitos práticos inexistentes ou negativos… Citando os “Gato Fedorento”, ficamos chateados, com certeza que ficamos chateados!

Os cidadãos acabam por expressar a sua revolta de uma de duas maneiras.

Individualmente, entre-dentes (geralmente é o que sucede), preferindo-se “explodir” numa conversa de café com um colega ou “descarregando” em falta de paciência no trato com as outras pessoas e depois até se acaba por esquecer ou fazer que se esquece para entrar num jogo de “lambe-botas” com quem manda…

Ou colectivamente, unindo-se e lutando, fazendo barulho pelas injustiças que sofrem na pele já que não puderam ser ouvidos aquando da discussão dos projectos ou matérias como cidadãos normais ou associações da área como abordamos atrás.

Um bom exemplo a seguir é o da luta do professores que unidos forçaram a existência de uma real negociação que comprometesse Governo e a grande maioria dos sindicatos e não apenas os sindicatos mais coniventes partidariamente com os governantes. Para o exemplo dos professores devemos olhar de forma elogiosa e não com mesquinha inveja como deseja quem quer dividir para reinar…

Já agora, um pequeno aparte. Neste particular, há gente que acusa os professores de serem uns privilegiados (se o fossem, teria que ser inventada uma nova escala para outra gente mais poderosa…) e incompetentes (é certo que há sempre uns melhores do que outros, mas aqui falamos no geral), mas quem o faz foge a “sete pés” quando lhe perguntam se gostaria de ser professor dizendo: “Eu? Aturar turmas de miúdos todos os dias? Só se fosse maluco”…

Concluindo, na minha opinião, quando se diz que é preciso mudar as mentalidades e que isso é complicado, deve tentar-se também concretizar pequenos passos e destacar alguns exemplos em que isso até foi, de alguma forma, conseguido para então poder estudar e aplicar concretamente noutros sectores ou áreas.

Tudo isto de forma a não ficarmos reféns desse desejo utópico e, assim, potencialmente preguiçoso legitimado de que “mudar mentalidades é complicado e tal…”.

vascoespinhalotero@hotmail.com
(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
Leia todos os artigos na Internet em: www.dosonhoaoprojecto.blogspot.com

Sem comentários: