Segundo a minha perspectiva, o conceito de educação poderá definir-se como o processo de construção das “hipóteses” de sermos nós mesmos!
Parece realmente um raciocínio com algum sentido. Porém, muita gente poderá dizer que se trata de algo bonito, mas muito vago, demasiado ingénuo ou mesmo sonhador nos tempos que correm, em que tudo terá de ser feito com rigor, muito rigor técnico, especialmente no que diz respeito ao mundo escolar e profissional. Aqui não se poderia, supostamente, perder tempo com abordagens gerais, cidadania, cultura, ou a vocação genuína, sob o perigo de se perder a batalha da produtividade…
Mas e se quem o diz estivesse enganado? E se dados científicos comprovassem precisamente o contrário, inclusive aqueles relativos aos indicadores de produtividade? Como diria Fernando Pessa: “e esta hein”? Há, sem dúvida, estudos sérios que deveriam ser lidos e conhecidos, especialmente por quem tem poder e baseia as suas práticas no populismo irresponsável…
Voltando ao início, educar poderá, então, ser a ajuda a que uma pessoa se exprima, que mostre ao longo da vida o seu “toque” especial e único em tudo o que faz. Isto porque ninguém faz as coisas exactamente da mesma maneira e não é por isso, de uma maneira geral, que deixa de o fazer bem! Ninguém fala, escreve, pensa, cozinha, trabalha ou canta, por exemplo, exactamente da mesma maneira e ainda bem! O incentivo e respeito por todas as nossas “inevitáveis” diferenças é sinónimo de educação por contraponto à formatação!
Tudo isto, afinal, porque o conhecimento da diversidade educa para a tolerância! Este é, possivelmente, um dos ingredientes de uma “fórmula mágica” contra a exclusão social, delinquência, racismo, senso comum baseado em estereótipos infundados, extremismo e, em parte, algum terrorismo, quer estejamos a falar em termos de contextos regionais, nacionais ou mundiais!... Assim, sem dúvidas, a diversidade socio-cultural constitui-se como a “gasolina” deste processo, sendo esta aproveitada e explorada para o nosso auto-apetrechamento humano, social, político e cultural.
Esta abordagem encara a informação, discussão e negociação construtivas como factores desenvolvimentais de consciencialização social, cultural, profissional e organizacional!
Ora, a inovação de que tanto se fala ser urgente para o desenvolvimento sustentado do nosso país tem que nascer e alimentar-se precisamente aqui! Quer estejamos a falar de estudos ou ofícios tradicionais ou de conceitos mais modernos como o de Qualidade!...
De outra forma vence a formatação sobre a educação! Regressa o isolamento das pessoas que, por sua vez, provoca o desconhecimento pela diversidade sócio-cultural e, por fim, exclusão social, delinquência, racismo e por aí adiante. Um ciclo vicioso…
* Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacionalvascoespinhalotero@hotmail.com
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