Neste ano de 2006, em que o concelho mais uma vez se galvanizou ao ritmo de grandes eventos, que, cada vez mais, fazem “crescer” Cantanhede e projectar o dinamismo concelhio a nível regional e nacional, assume destaque, como evento revelação, o Folk 2006 organizado pelo Grupo Folclórico Cancioneiro de Cantanhede!
Deixando o comentário sobre a grande qualidade cultural e organizativa para mais à frente, importa desde já referir também o ponto relativo aos baixos custos do evento, que demonstram que é possível, com colaboração entre entidades na troca de serviços e partilha de materiais para bem comum, fazer muito com pouco.
Foi impressionante ver como funcionaram associações, autarquia, freguesias, voluntários, famílias anónimas, enfim, toda a massa humana solidária e desinteressada do concelho num evento que não mostra apenas cultura, mas procura também formar, transmitir e fazer participar públicos de várias faixas etárias. Foi muito bom ver o número de pessoas de várias idades que comparecia aos espectáculos.
Relativamente à diversidade cultural presente com diversos grupos folclóricos nacionais (de várias regiões) e grupos estrangeiros de países como Itália, Ucrânia, Turquia, México e Serra Leoa, o nível foi surpreendente, com os conteúdos a chegarem a públicos que se julgava pouco receptivos. Um fenómeno muito interessante!
Quem acreditaria há 20 ou 30 anos atrás que seria possível ter numa qualquer freguesia do concelho, durante todas as noites da semana, actuações de grupos de música e dança de vários países intercalados com actuações do grupo folclórico da terra?...
Não é por acaso que este artigo é publicado apenas algum tempo após o encerramento do evento. É que a memória por vezes é curta e um evento destes merece ser valorizado antes, durante e após, sendo que foi História do concelho de Cantanhede que se fez naquela semana.É claro que há pontos a melhorar e certamente que a organização irá recolher as sugestões e contributos dos vários intervenientes. Para o ano serão aplicadas novas acções e outros erros, como é óbvio, se irão cometer (mas certamente não os mesmos). É natural e louvável que a atitude de continuar a identificar sem complexos e protagonismos os pontos a melhorar se continue a enraizar.
Provavelmente a muitos elementos da assistência deu vontade de contactar com aquela gente que veio de longe, de dançar aquelas estranhas modas, de cantar aquelas letras esquisitas de significado profundo, de tocar aqueles instrumentos pouco conhecidos, enfim, de poder aprender mais directamente.
E talvez o caminho seja cada vez mais por aí! Não foi por acaso que as oficinas de dança e as recepções para almoço com famílias do concelho foram sucessos. Traduzem-se na vontade de conhecer, de aprender, de receber que as gentes de todas as freguesias do nosso concelho parecem Ter relativamente às diversas culturas.
Fica a sugestão de, para a próxima edição, se desenvolverem oficinas de dança incorporadas nos espectáculos nas freguesias. É que depois de ver tocar, cantar e dançar aqueles grupos de forma tão aberta, enriquecedora e simpática dava mesmo vontade de aprender um pouco com eles, quer se tenha!
Eis um exemplo da verdadeira (e possível) globalização cultural!...
vascoespinhalotero@hotmail.com(*) Psicólogo do Trabalho e das Organizações / Orientação Vocacional
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