Uma luta que está na ordem do dia consiste na contestação aos aumentos dos montantes das propinas universitárias, levados a cabo pelo actual governo e assumidos por um ministro que entretanto se demitiu. Dizem os estudantes que pelas razões erradas, pois o motivo certo seria a desresponsabilização que orquestrou para passar a “batata quente” para os Senados das universidades, que, entretanto, se viram sem as verbas básicas para o seu funcionamento. Razões erradas ainda que justas, pois será no mínimo ridículo e fonte de indignação verificar a influência do “nacional porreirismo” na falta de ética revelada pelos dois ministros demissionários em causa. Este tipo de atitudes revela uma cultura de base em crescendo em alguns elementos da classe política portuguesa, comprometida com os lobbies e influências importantes, em que parece ser bastante tentadora a oportunidade de acautelar os seus interesses pessoais.
Lembra-nos certamente um doente com dupla personalidade a comum ostentação da bandeira da estabilidade como veículo que poderá ser manipulado para um outro resultado: o conformismo e a permissividade para com este tipo de aproveitamentos! Ora, estas são duas características que não sobrevivem seguramente nos movimentos estudantis portugueses. A lufada de ar fresco que constitui a sua luta é exemplo, não de arrogância ou radicalismo, mas sim de vontade de melhorar o que pode e deve ser melhorado! São acusados de não querer pagar o que o país pagaria com um aumento de impostos, esquecendo quem o afirma o que paga o agregado familiar e não falamos só de propinas, há também as deslocações, o alojamento (pelo qual, por vezes, apenas podem sonhar com o recibo…), livros, alimentação, contas de água, luz e gás, etc. Num ano lectivo em que ainda por cima os preços do alojamento nas residências e a alimentação nas cantinas aumentaram drasticamente, é só fazer as contas…
Os estudantes falam sim de coisas como: qualidade docente, saídas profissionais, apoio social, espaços dignos, cultura, enfim, ensino público gratuito e de qualidade! Tal pretensão é referida na constituição portuguesa e para quem pensar de forma irónica “isso é que era bom” basta reflectir um pouco no facto de esta ser a realidade nos países com mais qualidade de vida do mundo, como são a Finlândia, Noruega ou a Suécia! Pormenores como investimento, inovação, investigação científica e rigor nas receitas fiscais ajudariam tanto… Quanto à insinuação da “partidarização” destas reivindicações é preciso esclarecer que a luta dos estudantes não é contra o governo, é contra a actual política para a educação, pois os estudantes nem pensam festejar a saída do ministro se a sua política continuar a ser seguida…
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