terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Uma oportunidade para pensarmos os nossos serviços


Quando ouvimos falar em avaliação de desempenho, muitas vezes pensamos em avaliação de pessoas e/ou de grupos (que envolvem subordinados e superiores, pois as chefias também precisam de ser auxiliadas e ter um “feedback”), mas também podemos falar de avaliação de serviços, departamentos ou organizações na sua globalidade!

Estas avaliações organizacionais, em que todos os trabalhadores, clientes internos e externos são ouvidos e as suas sugestões de melhoria acolhidas, estão a dar os primeiros passos no nosso país e com excelentes resultados!

No fundo, trata-se de aproveitar o maior potencial de qualquer organização: a análise crítica. Como? Através de questionários, entrevistas, grupos de análise, reuniões de ideias, recolha de evidências, análise de circuitos, conversas informais, entre outros meios: ouvir construtivamente as pessoas sobre o funcionamento dos serviços onde trabalham! E porquê construtivamente? Porque, como sabemos, devido a factores pessoais, sociais, educacionais, económicos e culturais, no nosso país, bem como em muitos outros, muitas vezes as pessoas criticam de forma destrutiva, o famoso “bota abaixo” que irrita e destrói, muitas vezes, o esforço despretensioso de muita gente que quer realmente contribuir...

O que fazer? Em primeiro lugar, é importante não desvalorizar (pelo contrário, dar importância à crítica, mesmo que à primeira vista nos pareça descabida ou mesmo mesquinha). Depois questionar pontos específicos (como se planeou, quem foi ouvido, o que correu mal, o que sentiu). No final, pedir naturalmente sugestões de melhoria (o que acha que se deve fazer para a próxima) e responsabilizar pela sua aplicação (pois falar só não basta…).

Este questionamento genuíno leva facilmente à distinção de uma crítica vazia (em que quem a faz acaba inclusivamente por aperceber-se disso) e a crítica construtiva (que pode ser recebida, organizada e aproveitada concretamente sem rancores). Há, no entanto, que ter atenção para o facto de muitas críticas vazias, após se filtrar o seu conteúdo, acabarem por resultar em boas críticas construtivas! No fundo toda a gente quer ser ouvida, mesmo que se faça ouvir da pior maneira!...

O problema da avaliação de desempenho, quer seja de pessoas ou de serviços, é o eterno fantasma do que poderá ser feito com uma má utilização destes processos. É basicamente isto que leva as pessoas a “fecharem-se” no seu canto no local de trabalho. Aqui a desconfiança, a intriga e o medo vencem sobre a autenticidade e a abertura construtiva.

Se as pessoas confiarem verdadeiramente num processo de avaliação organizacional/serviços, entregando o seu “coração profissional”, é compreensível que se sintam “traídas” se não virem resultados apresentados ou novos ganhos atingidos. É, sem dúvida, difícil envolver as pessoas, mas tendo-o conseguido torna-se vital não as desiludir, de modo a não alimentar as desconfianças e a pseudo-justificação da criação de “capelinhas” no mundo do trabalho!

vascoespinhalotero@hotmail.com

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